Política de Humanização de Assistência a Saúde: PHAS

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Boletim da Saúde, Vol.18 N°. 2/2004: Humanização

Capa do Boletim da Saúde: Vol.18 Nro.2/2004, HumanizaçãoO Boletim da Saúde é uma publicação semestral da Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul editada sob a responsabilidade da Escola de Saúde Pública que visa à difusão do conhecimento em saúde pública e saúde coletiva em âmbito nacional e internacional. Nesta edição, tudo sobre a PHAS/RS.

Apresentação

O termo humanização nos remete a algumas reflexões sobre outros aspectos correlatos que dão sentido e justifica o seu emprego. A necessidade de humanizar alguma coisa parte do pressuposto de que esta mesma coisa pode, em um dado momento, estar desumanizada. Se buscarmos seu contexto na humanização do atendimento na saúde, poderemos notar que sua origem se dá no sentimento inato das pessoas em praticar o bem e a caridade. Também remete à necessidade de resgate de um atendimento humanizado, focando a dignidade das pessoas em situações de necessidade de cuidados ou atenção. Situações extremas, como as vividas durante as guerras, mostram como o desamor e o pouco valor à vida podem ocorrer em determinadas situações, como nos campos de concentração, ou nos guetos, onde a supressão dos direitos mínimos acontecia impunemente. Se fizermos uma volta à origem do atendimento em saúde, veremos que os hospitais, inicialmente, foram construídos para acolher os inválidos, carentes e vitimados das guerras. Não existia, a princípio, uma conotação precípua de atendimento médico. Segundo Foucault, esta forma de atendimento representaria uma espécie de segregação social, onde as classes menos favorecidas teriam algum tipo de ajuda oferecida geralmente por instituições religiosas, e não "contaminariam" as classes mais diferenciadas, que podiam pagar seus atendimentos em nível domiciliar. Este aparente paradoxo entre a caridade e a exclusão persistiu até que o avanço tecnológico obrigou aos profissionais a procurarem os hospitais, já que, nestes, o conhecimento e a ciência se desenvolviam. Já no início do século XX, esta necessidade começou a se tornar evidente e necessária, surgindo, então, a figura do superespecialista - aquele que sabia cada vez mais do cada vez menos, situação esta que persistiu até os dias de hoje. No entanto, à medida que esta especialização imposta pela circunstância do avanço tecnológico e científico acontecia, acontecia, também, a fragmentação da atenção. O paciente começou a ser tratado aos pedaços. Perdeu-se a noção da integralidade da atenção e do próprio paciente. Surgiram os traumatologistas, os cardiologistas, os APRESENTAÇÃO dermatologistas, entre outros. Contudo, embora o agregar de conhecimento propiciasse resultados interessantes nos indicadores de saúde, também levava a um processo de desumanização crescente, além de a um vertiginoso aumento dos custos. Começou a surgir um cenário de fragmentação do atendimento e uma inviabilidade de sustentação na manutenção da assistência no ritmo vertiginoso que a evolução e o progresso da ciência determinava. Esta situação determinou um ponto de desequilíbrio no sistema. Surge, então, uma nova proposta de atendimento que resgatasse a integralidade, a universalidade, a gratuidade da atenção: o SUS. Com ele, surge também a necessidade de outras alternativas de atendimento, como o médico de família e o atendimento por equipe multidisciplinar bem como a participação de outros atores que, até então, não tinham como expressar suas vontades, começando a atuar na figura da representação social e das comunidades. O resgate da dignidade da atenção tanto em nível hospitalar como ambulatorial começa a se organizar com força e com resultados interessantes em vários locais. No Estado do Rio Grande do Sul, este momento foi incorporado aos programas da Secretaria da Saúde, através da Escola de Saúde Pública. Esta iniciativa propiciou o surgimento de um fórum de discussão e troca de experiências de forma fantástica. Com o trabalho de alguns meses, foi possível arregimentar um verdadeiro exército de pessoas que se preocupam com o tema e dedicam um pouco de seu tempo para contribuir com o esforço de humanizar o atendimento à saúde de suas comunidades. As expectativas foram extrapoladas muitas vezes, e o entusiasmo que se verifica quando, nos encontros realizados, os grupos podem mostrar as iniciativas e trabalhos desenvolvidos em suas comunidades. Esta edição procura resgatar e registrar um pouco deste grande trabalho que está sendo desenvolvido no estado do Rio Grande do Sul e que, certamente, determinará uma mudança de paradigmas e formas de fazer saúde com dignidade, qualidade e eficiência.

Lista dos Artigos

  1. HumanizaSAÚDE: diferencial do atendimento na saúde (Décio Ignácio Angnes)
  2. Acolhimento e humanização: proposta de mudança na recepção aos usuários do setor de emergência/urgência do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) (Elizabeth Azeredo Andrade, Tagma Marina Schneider Donelli)
  3. Assistência pós-alta hospitalar para pacientes com cuidados especiais (Liege Silveira Dutra, Ana Flávia dos Santos, Sueli Terezinha Werlang)
  4. Cuidando do cuidador (Jacinta Subutzki, Mauro César Canete)
  5. Doutor Sorinho: cuidando dos pequenos (Marcia Fetter Nicoletti, Sandra Maria de Bortoli)
  6. Envelhecer com novos horizontes (Maria da Graça Viana Cardoso e Cunha)
  7. Garantia da excelência dos serviços (Helena Dahne, Alexandra Vanti)
  8. Humanização em ação: sensibilizando os profissionais para o processo de humanização (Antônio Joesting Siedler, Dirce Stein Backes, Inês Munari Palomino, Margarete Bicca Lemos, Olinda Prestes)
  9. Humanização: opção ou condição de sobrevivência na sociedade contemporânea (Maria Isabel Barros Bellini)
  10. A qualidade do atendimento aos pacientes do Hospital Cristo Redentor (Francinete Fabiane Menegazzo Oneda, Juliana Andreis Sabbi, Lilian Vanz)
  11. HumanizaSUS: um projeto coletivo (Eduardo Mendes Ribeiro)
  12. Internação Domiciliar (Equipe de Internação Domiciliar do Hospital Dom João Becker)
  13. Ludoteca hospitalar: resgate do impulso lúdico (Gladis Salete Marafon Rodegheri)
  14. O cuidado humanizado para pacientes psiquiátricos em hospital geral (Jacqueline Fátima Trevisan, Eugélia Wolmann, Edmundo Berni Reategui)
  15. O paciente hospitalizado como sujeito ou objeto (Délio José Kipper)
  16. Projeto abraço: um projeto social da FAU-HE/UFPEL promovendo a qualidade de vida da comunidade pelotense (Tânia Laís Brizola, Luiz Vicente Borsa Aquino, Vanessa Andina Teixeira)
  17. Projetos de humanização da internação pediátrica do Hospital São Lucas da PUCRS vinculados à comissão dos direitos da criança e do adolescente e cuidados hospitalares (Maria Estelita Gil, Délio José Kipper, Magda Suzana Ferreira)
  18. A Política de Humanização da Assistência à Saúde - PHAS (Secretaria Estadual de Saúde)
  19. Política e Normas Editoriais

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